segunda-feira, 26 de março de 2012

Campinas conquista mais empresas


 Inaldo Cristoni


De acordo com Laerte Martins, economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), a RMC recebeu cerca de US$ 25 bilhões em investimentos de empresas de diferentes ramos de negócios desde a sua criação, no ano 2000. A lista inclui empreendimentos nas áreas de petróleo, telecomunicações, comércio e serviços. "Os municípios da região se consolidaram com um centro de compras e de consumo e, com isso, contribuem para atração de novas instalações de logística", afirma.

O economista calcula que os investimentos em armazenamento e distribuição representaram 15% do montante aplicado. Outro indicador que chama a atenção diz respeito ao que Martins denomina índice de potencial de consumo que, segundo ele, é da ordem de 60% do PIB da RMC (R$ 85,7 bilhões, dados do IBGE relativos a 2009), o que corresponde a algo em torno de R$ 51 bilhões. "Em dez anos pode chegar a R$ 150 bilhões."

O Grupo Enar, operador logístico com atuação em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, é um dos que estão presentes na região. Em agosto de 2010, inaugurou um centro de armazenagem e distribuição na cidade de Sumaré e faz planos de construir outra unidade para atender a demanda dos clientes. Com 20 mil metros quadrados de área construída, a instalação atual está trabalhando no limite da capacidade. "A unidade movimenta em torno de 30 mil toneladas de produtos por mês, gera 80 empregos diretos e cerca de 100 indiretos", diz Henrique Ferlin Guerra, diretor comercial.

A unidade de Sumaré é responsável pela movimentação de matéria-primas que abastecem a indústria de plástico: recebe de fornecedores de várias partes do Brasil e distribui para empresas da região. O escoamento ocorre por meio de 80 conjuntos de carretas da frota própria. A carteira soma dez clientes e os negócios gerados respondem por 12% do volume total movimentado pelo grupo.

Segundo Guerra, a empresa estuda a viabilidade de construir um de novo armazém, no segundo semestre, mas o local ainda não foi definido. Pode ser em Campinas ou na cidade de Sumaré. O certo é que, quando entrar em operação, a capacidade de movimentação de matérias-primas poderá chegar a 60 mil toneladas por mês.

Além da construção de novo armazém, há investimentos para projetos de tecnologia da informação. Como parte do processo de reformulação da área de gestão, a empresa está implantando um novo software de ERP, que funcionará integrado ao sistema de controle de estoque (WMS) e de transporte (TMS), fornecido pela Totvs. A previsão é que entre em produção até o fim do ano. "Precisamos estar totalmente integrados aos nossos clientes para não deixar faltar matéria-prima e parar a produção."

A Katoen Natie, operadora logística de origem belga, investiu R$ 20 milhões na construção de um novo centro de distribuição multimodal (CDM) em Paulínia, onde está instalada desde 2001. No total, a empresa tem cinco unidades na cidade para atender clientes dos segmentos de bens de consumo, eletroeletrônico, automotivo, químico, petroquímico das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país, bem como dos Estados Unidos e da Europa.

A operação de Paulínia responde por 15% dos negócios totais da empresa. Com taxa de crescimento de 40% nos últimos três anos, a empresa faturou R$ 102 milhões em 2011 para 2012 uma receita de R$ 110 milhões. "Podemos atribuir esse desempenho ao crescimento dos nossos clientes e à satisfação que eles têm dos serviços que prestamos", diz Erik Klönhammer, diretor-presidente da empresa.

Segundo ele, a localização geográfica, que permite abastecer tanto a capital como o interior do Estado, foi um dos fatores que influenciaram a decisão de construir o novo centro Paulínia. A empresa tem planos de erguer outro armazém de peças de reposição na cidade até o fim do ano, com recursos de R$ 10 milhões. "A ideia é fazer de Paulínia a nossa maior atividade no Brasil", afirma.

Além da pujança e dinamismo econômicos, outros fatores explicam o incremento do setor de logística na região. Um deles diz respeito ao avanço da terceirização dessa atividade e outro envolve a fuga de empresas do setor instaladas na capital paulista por causa da restrição de circulação de caminhões. "As empresas estão vindo para a nossa região e seguramente teremos um crescimento bem acima da média durante dez a 15 anos", diz Mauro Roberto Schlüter, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

O professor aponta como um grande desafio para o poder público a realização de um planejamento que permita a acomodação dessas empresas no que ele chama de plataforma logística. Trata-se de uma espécie de distrito industrial que concentra em uma área todos os elementos da cadeia produtiva de logística. Dessa forma, é possível evitar o impacto negativo do fluxo de caminhões no tráfego urbano da região, exatamente o que aconteceu em São Paulo.

Jornal   Valor Econômico - 26/03/2012

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