ABIFER na mídia : Projeto propõe Ferroanel com trecho na RMC
Estatal confirma estudos para inclusão de 190km entre a cidade e Santos
O trecho ferroviário de 190 quilômetros entre Campinas e Santos,
conhecido como Corredor de Exportação, deverá integrar o Ferroanel de
São Paulo, projeto que irá interligar as ferrovias que já existem e
retirar os trens de carga de dentro de São Paulo. A inclusão do novo
trecho visa formar um contorno na região da Capital e garantir, a quem
assumir o Ferroanel, o controle completo dos acessos ao Porto de Santos.
A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal recém-criada
para promover o desenvolvimento do sistema de transporte no País,
confirmou a existência dos estudos e o início de negociações com a ALL
Logística, para a devolução, ao governo federal, do trecho sob sua
concessão. Procurada ontem, a ALL informou que não iria comentar o
assunto.
As cargas que se dirigem ao Porto de Santos têm que passar dentro de
São Paulo a velocidades baixas, porque compartilham os trilhos com os
subúrbios da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que
torna o frete mais caro. O Ferroanel foi pensado para ter uma
alternativa ao transporte de carga. O projeto original prevê a
implantação de três trechos de aproximadamente 200 quilômetros de
extensão. Só a construção deve superar R$ 2 bilhões, que não incluem as
compensações ambientais e sociais e sociais.
O governo federal planeja começar a implantação do primeiro trecho
no primeiro semestre de 2013, mas se o trecho de Campinas a Santos for
incluído, os estudos e os editais deverão levar a obra para mais
distante.
No primeiro trecho, o Norte, a ferrovia entre Jundiaí e Manoel Feio,
em Itaquaquecetuba, será construída ao lado do trecho Norte do
Rodoanel, sendo alguns trechos em túnel, sob alegação de que isso tende a
diminuir custos e impacto ambiental. Esse trecho permitirá a
movimentação de cargas, principalmente contêineres, da região de
Campinas e Grande São Paulo para o Porto de Santos via cremalheira, além
da transposição de comboios entre o Interior e o Vale do Paraíba.
O outro trecho, o Sul, vai margear o Rodoanel Sul, entre a Estação
Evangelista de Souza e a cidade de Ribeirão Pires e articulará os
movimentos das ferrovias que chegam à região metropolitana, permitindo a
transposição da cidade tanto para os deslocamentos Leste-Oeste como
aqueles que se estabelecem a partir dos estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro e região do Vale do Paraíba, em São Paulo, para os estados da
região Sul e vice-versa.
Para implantar o Ferroanel, o governo precisa do trecho do Porto de
Santos a Itaquaquecetuba, controlado pela MRS Logística, que também
administra o sistema de cremalheira para descer a serra até Santos.
Sócios da MRS Logística não apoiam a antecipação da entrega da concessão
(que termina em 2026) e querem indenização.
O novo modelo de concessão de ferrovias mudou regras, especialmente
em relação ao direito de passagem — a operação em que uma
concessionária, mediante remuneração ou compensação financeira, permite à
outra trafegar na sua malha para dar prosseguimento, complementar ou
encerrar uma prestação de serviço público de transporte ferroviário,
utilizando a sua via permanente e o seu sistema de licenciamento de
trens. O novo modelo acabou com a exclusividade no uso das linhas e quem
ganhar a concessão do trecho vai construir a linha e vender ao governo
toda a capacidade de passagem dos trens.
No ano passado, o transporte ferroviário foi responsável por apenas
18% das cargas movimentadas em Santos. A maioria esmagadora das
mercadorias que entram e saem do maior porto do País é transportada por
meio de caminhão.
Proposta tem apoio da indústria ferroviária
A anexação do trecho ferroviário de Campinas a Santos ao Ferroanel
de São Paulo trará desenvolvimento à indústria ferroviária, na medida em
que a eficiência do sistema irá aumentar o volume de carga
transportada, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria
Ferroviária, Vicente Abate. Para ele, no entanto, o assunto é bastante
complexo porque vai exigir negociações com as concessionárias que
atualmente detêm o direito sobre vários trechos e que têm mais 15 de
concessão pela frente. “Certamente elas terão que ser ressarcidas”,
afirmou.
Abate afirmou que o Ferroanel dará condições também para que o
transporte metropolitano da CPTM cresça — hoje ele é compartilhado com a
carga — e a indústria irá se beneficiar tanto na construção da ferrovia
quando no fornecimento dos equipamentos necessários ao transporte de
cargas.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Campinas, José Afonso
Bittencourt, disse que a inclusão de Campinas no projeto do Ferroanel de
São Paulo vai agregar valor para quem vencer a concessão, mas também
impulsionar o setor de logística, que já é bastante forte na região de
Campinas. “Na verdade é o resgate de um projeto antigo, que previa
inclusive a conexão com outros modais, como o hidroviário”, disse.
SAIBA MAIS
A malha férrea a ser incluída no Ferroanel de São Paulo foi
construída pela Ferrovias Paulistas S.A. (Fepasa), em 1979, como um
trecho de exportação entre Uberaba (MG) e Santos e, em 2002, passou para
a concessão da América Latina Logística (ALL). Ela liga Campinas e
Jundiaí ao Porto de Santos.
Matéria publicada em 03/10/2012
Fonte: Correio Popular
A construção do Ferroanel em conjunto com o Rodoanel é a forma mais racional, rápida e econômica, e deveria ser fundamental para o Plano Diretor de qualquer grande metrópole, pois há razões muito bem fundamentadas para tal afirmação.
ResponderExcluirO Ferroanel de São Paulo que vem se arrastando há anos, embora esta seja uma obra de grande importância para São Paulo e para o país pode receber um grande impulso, se os governos federal e estadual, responsáveis por ela, chegarem a um acordo sobre uma proposta feita por este último. São Paulo se dispõe a elaborar o projeto executivo e a cuidar do licenciamento ambiental do Tramo Norte, entre Jundiaí e Itaquaquecetuba, ao custo estimado de R$ 15 milhões.
Deve ser ressaltada também a grande importância de uma ligação rodo ferroviária entre Parelheiros e Itanhaém para cargas e passageiros, o que poderá levar a presidenta Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin a acertarem em princípio a sua construção conjunta, deveria ser suficiente para fazer ambos dar novos passos nessa direção.
São patentes as dificuldades que a ausência do Ferroanel cria para o transporte de carga em direção ao Porto de Santos e de passageiros na região metropolitana de São Paulo geram o maior gargalo ferroviário do país. Hoje os trens de carga que se destinam àquele porto têm de utilizar linhas concomitantes com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) que passam pela região central da capital. A concessionária que faz esse transporte só pode operar em períodos restritos, o que diminui sua eficiência e aumenta seu custo.
E a situação é agravada, porque, para aumentar sua capacidade de transporte de passageiros, a CPTM deseja diminuir o intervalo entre os seus trens. Suas razões para isso são técnicas, porque o sistema de transporte coletivo da Grande São Paulo, do qual ela é uma das responsáveis, já ultrapassou em muito o limite de sua capacidade e o número de passageiros continua aumentando. Se ela adotar aquele medida, haverá redução ainda maior da circulação dos trens de carga.
Só o Ferroanel, a começar pelo Tramo Norte, que tem de longe o maior potencial de transporte, poderá resolver o problema. Hoje, dos cerca de 2,5 milhões de contêineres que chegam anualmente ao Porto de Santos, apenas uma quantidade irrelevante 100 mil é despachada por trem, um meio de transporte mais rápido e econômico do que os caminhões. Com o Ferroanel, estima-se que o volume que por ele circulará chegue acima de um milhão e meio de contêineres. Os benefícios para os setores mais diretamente ligados a essa atividade – produtores e transportadores – e para a economia do País como um todo serão enormes.
Ganhará também a capital e o litoral paulista, dos quais deixarão de circular cerca de 5 mil caminhões por dia, um alívio considerável para seu trânsito sempre congestionado.
Deveriam os responsáveis pelos governos federal e estadual a deixar de lado divergências políticas. Já passou da hora para que eles aproveitarem a ocasião para demonstrar que são capazes de colocar o interesse público acima de suas ambições políticas.