sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Projeto propõe Ferroanel com trecho na RMC





ABIFER na mídia : Projeto propõe Ferroanel com trecho na RMC


Estatal confirma estudos para inclusão de 190km entre a cidade e Santos

O trecho ferroviário de 190 quilômetros entre Campinas e Santos, conhecido como Corredor de Exportação, deverá integrar o Ferroanel de São Paulo, projeto que irá interligar as ferrovias que já existem e retirar os trens de carga de dentro de São Paulo. A inclusão do novo trecho visa formar um contorno na região da Capital e garantir, a quem assumir o Ferroanel, o controle completo dos acessos ao Porto de Santos.

A Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal recém-criada para promover o desenvolvimento do sistema de transporte no País, confirmou a existência dos estudos e o início de negociações com a ALL Logística, para a devolução, ao governo federal, do trecho sob sua concessão. Procurada ontem, a ALL informou que não iria comentar o assunto.

As cargas que se dirigem ao Porto de Santos têm que passar dentro de São Paulo a velocidades baixas, porque compartilham os trilhos com os subúrbios da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que torna o frete mais caro. O Ferroanel foi pensado para ter uma alternativa ao transporte de carga. O projeto original prevê a implantação de três trechos de aproximadamente 200 quilômetros de extensão. Só a construção deve superar R$ 2 bilhões, que não incluem as compensações ambientais e sociais e sociais.

O governo federal planeja começar a implantação do primeiro trecho no primeiro semestre de 2013, mas se o trecho de Campinas a Santos for incluído, os estudos e os editais deverão levar a obra para mais distante.

No primeiro trecho, o Norte, a ferrovia entre Jundiaí e Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, será construída ao lado do trecho Norte do Rodoanel, sendo alguns trechos em túnel, sob alegação de que isso tende a diminuir custos e impacto ambiental. Esse trecho permitirá a movimentação de cargas, principalmente contêineres, da região de Campinas e Grande São Paulo para o Porto de Santos via cremalheira, além da transposição de comboios entre o Interior e o Vale do Paraíba.

O outro trecho, o Sul, vai margear o Rodoanel Sul, entre a Estação Evangelista de Souza e a cidade de Ribeirão Pires e articulará os movimentos das ferrovias que chegam à região metropolitana, permitindo a transposição da cidade tanto para os deslocamentos Leste-Oeste como aqueles que se estabelecem a partir dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e região do Vale do Paraíba, em São Paulo, para os estados da região Sul e vice-versa.

Para implantar o Ferroanel, o governo precisa do trecho do Porto de Santos a Itaquaquecetuba, controlado pela MRS Logística, que também administra o sistema de cremalheira para descer a serra até Santos. Sócios da MRS Logística não apoiam a antecipação da entrega da concessão (que termina em 2026) e querem indenização.

O novo modelo de concessão de ferrovias mudou regras, especialmente em relação ao direito de passagem — a operação em que uma concessionária, mediante remuneração ou compensação financeira, permite à outra trafegar na sua malha para dar prosseguimento, complementar ou encerrar uma prestação de serviço público de transporte ferroviário, utilizando a sua via permanente e o seu sistema de licenciamento de trens. O novo modelo acabou com a exclusividade no uso das linhas e quem ganhar a concessão do trecho vai construir a linha e vender ao governo toda a capacidade de passagem dos trens. 

No ano passado, o transporte ferroviário foi responsável por apenas 18% das cargas movimentadas em Santos. A maioria esmagadora das mercadorias que entram e saem do maior porto do País é transportada por meio de caminhão.

Proposta tem apoio da indústria ferroviária

A anexação do trecho ferroviário de Campinas a Santos ao Ferroanel de São Paulo trará desenvolvimento à indústria ferroviária, na medida em que a eficiência do sistema irá aumentar o volume de carga transportada, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Vicente Abate. Para ele, no entanto, o assunto é bastante complexo porque vai exigir negociações com as concessionárias que atualmente detêm o direito sobre vários trechos e que têm mais 15 de concessão pela frente. “Certamente elas terão que ser ressarcidas”, afirmou.

Abate afirmou que o Ferroanel dará condições também para que o transporte metropolitano da CPTM cresça — hoje ele é compartilhado com a carga — e a indústria irá se beneficiar tanto na construção da ferrovia quando no fornecimento dos equipamentos necessários ao transporte de cargas.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Campinas, José Afonso Bittencourt, disse que a inclusão de Campinas no projeto do Ferroanel de São Paulo vai agregar valor para quem vencer a concessão, mas também impulsionar o setor de logística, que já é bastante forte na região de Campinas. “Na verdade é o resgate de um projeto antigo, que previa inclusive a conexão com outros modais, como o hidroviário”, disse.

SAIBA MAIS 

A malha férrea a ser incluída no Ferroanel de São Paulo foi construída pela Ferrovias Paulistas S.A. (Fepasa), em 1979, como um trecho de exportação entre Uberaba (MG) e Santos e, em 2002, passou para a concessão da América Latina Logística (ALL). Ela liga Campinas e Jundiaí ao Porto de Santos.

Matéria publicada em 03/10/2012

Fonte: Correio Popular


 

Um comentário:

  1. A construção do Ferroanel em conjunto com o Rodoanel é a forma mais racional, rápida e econômica, e deveria ser fundamental para o Plano Diretor de qualquer grande metrópole, pois há razões muito bem fundamentadas para tal afirmação.
    O Ferroanel de São Paulo que vem se arrastando há anos, embora esta seja uma obra de grande importância para São Paulo e para o país pode receber um grande impulso, se os governos federal e estadual, responsáveis por ela, chegarem a um acordo sobre uma proposta feita por este último. São Paulo se dispõe a elaborar o projeto executivo e a cuidar do licenciamento ambiental do Tramo Norte, entre Jundiaí e Itaquaquecetuba, ao custo estimado de R$ 15 milhões.
    Deve ser ressaltada também a grande importância de uma ligação rodo ferroviária entre Parelheiros e Itanhaém para cargas e passageiros, o que poderá levar a presidenta Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin a acertarem em princípio a sua construção conjunta, deveria ser suficiente para fazer ambos dar novos passos nessa direção.
    São patentes as dificuldades que a ausência do Ferroanel cria para o transporte de carga em direção ao Porto de Santos e de passageiros na região metropolitana de São Paulo geram o maior gargalo ferroviário do país. Hoje os trens de carga que se destinam àquele porto têm de utilizar linhas concomitantes com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) que passam pela região central da capital. A concessionária que faz esse transporte só pode operar em períodos restritos, o que diminui sua eficiência e aumenta seu custo.
    E a situação é agravada, porque, para aumentar sua capacidade de transporte de passageiros, a CPTM deseja diminuir o intervalo entre os seus trens. Suas razões para isso são técnicas, porque o sistema de transporte coletivo da Grande São Paulo, do qual ela é uma das responsáveis, já ultrapassou em muito o limite de sua capacidade e o número de passageiros continua aumentando. Se ela adotar aquele medida, haverá redução ainda maior da circulação dos trens de carga.
    Só o Ferroanel, a começar pelo Tramo Norte, que tem de longe o maior potencial de transporte, poderá resolver o problema. Hoje, dos cerca de 2,5 milhões de contêineres que chegam anualmente ao Porto de Santos, apenas uma quantidade irrelevante 100 mil é despachada por trem, um meio de transporte mais rápido e econômico do que os caminhões. Com o Ferroanel, estima-se que o volume que por ele circulará chegue acima de um milhão e meio de contêineres. Os benefícios para os setores mais diretamente ligados a essa atividade – produtores e transportadores – e para a economia do País como um todo serão enormes.
    Ganhará também a capital e o litoral paulista, dos quais deixarão de circular cerca de 5 mil caminhões por dia, um alívio considerável para seu trânsito sempre congestionado.
    Deveriam os responsáveis pelos governos federal e estadual a deixar de lado divergências políticas. Já passou da hora para que eles aproveitarem a ocasião para demonstrar que são capazes de colocar o interesse público acima de suas ambições políticas.

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