Agronegócios
SÃO PAULO - Os cafeicultores de Minas Gerais estão correndo para
diminuir o prejuízo: após duas semanas de chuva, que atrasou a colheita e
afetou o grão, o tempo se abriu e os produtores passaram a acelerar o
trabalho no cafezal, para garantir a qualidade e o preço do produto. Os
cooperados da maior organização de café do mundo, a Cooperativa Regional
de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), já deveriam ter colhido, a essa
altura da safra, 70% da área plantada - colheram 50%. As águas e o vento
derrubaram, no chão, 30% do café cultivado pelos agricultores da
Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel).
"Vai haver uma perda significativa de receita para o produtor", afirmou
o porta-voz da Cooxupé, Jorge Florêncio, estimando que, nesta safra, o
nível de "café bom" produzido pela Cooxupé deverá cair de 85% para 65%,
em médias, do volume total.
A expectativa negativa dos cafeicultores, em relação aos preços, está
ligada antes ao déficit de qualidade do produto do que à possibilidade
de haver baixa no volume final da produção. Exposto à chuva, o grão
escurece, adquirindo um aspecto ruim, e fermenta-se precocemente,
tornando a bebida pior.
O conselheiro Nivaldo de Mello Tavares, da Cocatrel, calcula perdas de
R$ 100 por saca em função da qualidade. A "saca boa" custa R$ 430 [no
ano passado, valia R$ 530], de acordo com ele. Enquanto o café afetado
pela chuva, quando recuperado, deve valer em torno de R$ 330.
"O produtor está correndo para colher o café do pé", contou Tavares.
Depois, se possível, tentarão recuperar os grãos que ficaram caídos no
chão, segundo o conselheiro, que disse haver muita dificuldade em
percorrer o solo encharcado das lavouras - até mesmo para as máquinas.
"No ano passado, parou de chover em maio e só voltou em setembro.
Tivemos 90% das sacas com boa qualidade", lembrou Tavares. "Neste mês,
tivemos chuvas de 60 mililitros, quando o normal é zero." A Cocatrel,
que envolve produtores de 65 municípios, registrou produção de 1,3
milhão de sacas em 2011. Para este ano, previa um novo volume, de 1,5
milhão. Mas os líderes da organização já admitem que a produção não deve
mais chegar a tanto.
A Cooxupé, por outro lado, mantém a projeção inicial de produzir 5,5
milhões de sacas de café na safra atual. "A colheita está um pouco
atrasada, então a tendência é acelerar", disse Florêncio. "O tempo deu
uma firmada agora. Pelo menos, parou de chover", acrescenta. Na melhor
das hipóteses, considerando as estimativas do início da temporada, a
Cooxupé colheria seis milhões de sacas nesta safra.
Espírito Santo
Se a chuva afetou os cafezais mineiros, o mesmo não se pode dizer das
lavouras de café do Espírito Santo. Na região serrana, as chuvas foram,
inclusive, favoráveis, à cultura. "As chuvas de junho beneficiaram o
desenvolvimento do grão. A colheita começou quando já haviam parado",
relatou o gerente de Café da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana
(Coopeavi), João Elvidio.
A organização, que investe no desenvolvimento do tipo conilon, para
produzi-lo de acordo com o mercado de cafés especiais, deve acumular
produção de 300 mil sacas do grão (inclui-se o arábica) na safra em
vigor.
DCI
23/07/2012 - 00h00 | Atualizado em 23/07/2012 - 01h06
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