domingo, 19 de junho de 2011

Seminario sobre ferrovias em São Paulo na Alesp em 17 junho 2011

Seminários sobre Ferrovias em São Paulo

na

 Assembléia Legislativa (ALESP)

LOCAL: Auditório Franco Montoro, Andar Monumental da ALESP - Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Ibirapuera, São Paulo – SP.

10h – Solenidade de abertura: Dep. Federal Pedro Uczai PT/SC, Presidente da Frente Parlamentar; Dep. Edmir Chedid DEM, Presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da ALESP.

10h30 - Debate: DESENVOLVIMENTO E FERROVIAS NA REGIÃO SUDESTE: DIAGNÓSTICO E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO.

MARCUS EXPEDITO FELIPE DE ALMEIDA – Gerente de Transporte Ferroviário de Cargas - ANTT 

JURANDIR FERNANDO RIBEIRO FERNANDES - Secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo

FÁBIO NEY DAMASCENO - Secretário de Estado dos Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo 

MARCELO PERRUPATO E SILVA - Secretário de Política Nacional de Transportes - Ministério dos Transportes (a confirmar)

JULIO LUIZ BAPTISTA LOPES – Secretário de Estado de Transportes do Rio de Janeiro (a confirmar)

CARLOS MELLES – Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas de Minas Gerais (a confirmar)

11h30 – Debate

12h30 - Encerramento: Dep. Federal Pedro Uczai PT/SC, Presidente da Frente Parlamentar; Dep. Edmir Chedid DEM, Presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da ALESP.

Uma Ferrovia para o Mercosul

Uma Ferrovia para o Mercosul

Carlos Antonio Pinto
Maquinista ferroviário em Lavras,

Artigo de Outubro de 1997  na
Revista Ferroviária. pgs 30/31 




 O artigo está abaixo reproduzido na íntegra; com os exageros, as chatices, os erros de composição e as “orelhadas”. Aquele parágrafo inteiro que ainda por cima fala de certo “minério de ferro exportado para a Argentina” foi difícil de reescrever. Quero lembrar que decidi “turbinar” o fator Mercosul ao enviar à Revista Ferroviária a entusiasmada carta de boa vontade para com o nosso país. Carta que saiu como artigo, também devido à boa vontade da Revista Ferroviária.  

        
 Uma reportagem na EPTV-Sul de Minas há mais de um ano mostrou o que na matéria foi chamado de “Trem do Mercosul”. Infelizmente aquele trem resume tudo o quê se pode apresentar sobre ferrovia econômica para o Mercosul no Brasil, tendo sido formado em Poços de Caldas/MG, (termino de um antigo ramal da Fepasa) e partindo dali rumo à Argentina. A um trem formado nesta cidade mineira, ou com procedência do Triangulo Mineiro, é fácil chamá-lo de Trem do Mercosul (se a este se destina), pois já está em linhas da Fepasa, com acesso fácil ao estado de são Paulo. O impossível é formar um trem acima destes pontos para o mercosul, porque não existe ligação ferroviária pelo sul de Minas com o estado de São Paulo. 
         No sul de Minas, a linha da Fepasa em bitola métrica termina em Poços de Caldas e a linha da FCA em bitola métrica, que vem de Belo Horizonte, termina em Varginha. Falta então um elo importante nesta corrente. Em Belo Horizonte, juntam-se as linhas em bitola métrica vindas do norte e do nordeste do país e também de Vitória/ES; e daí é o único caminho para o sul do país por bitola métrica. Portanto, a bitola larga existente nos limites do triângulo BH-Rio-São Paulo não se enquadra para o propósito deste texto. 
         Imaginemos, então, um trem formado em BH, com vagões de carga carregados em Governador Valadares e Salvador/BA, para se dirigir a São Paulo, ou a qualquer estado do sul, ou a algum país que forme o Mercado Comum do Cone Sul: de Belo Horizonte o trem seguirá para Divinópolis – obrigatoriamente pelo único caminho existente – para o sul do país, fazendo a inevitável e antieconômica volta pelo Triângulo Mineiro. Pegando como referência a distância por ferrovia entre Divinópolis/MG e Campinas/SP, este trem sairá de Divinópolis, passará por Lagoa da Prata , Bambuí, Ibiá, Araxá e Uberaba, para daí descer pela bitola métrica da Fepasa até Campinas num total de mais de 1.600 km. Ora, um trem formado em BH para se dirigir ao sul do país e que tem como única opção a volta ao Triangulo Mineiro nunca será competitivo; na verdade nunca se formarão trens em BH ou na maioria das cidades mineiras emergentes para o Mercosul com esta atual configuração de rotas ferroviárias do país. 
         Quanto  à linha que sai de Divinópolis em direção ao sul de Minas são 175 km de linha em perfil moderno até  o município de lavras (estação de Eng. Bhering), mais 135 km de linha em perfil antigo até Varginha/MG; num total de 210 km de linha prontos. Já o trecho de linha a ser constuido, no sul de Minas, seria de no Maximo 260 km – por rodovia são 160 km –, pois não se ligaria necessariamente Varginha a Poços de Caldas, mas sim um ponto X mais favorável entre Três Corações e Varginha à linha da Fepasa em algum ponto na divisa de Minas com São Paulo, e procuraria o caminho mais curto. A distância entre Divinópolis e Campinas por ferrovia seria encurtada em mais de 1.000 km
         Fala-se na construção de outras linhas no país e nada consta sobre esta necessária ligação, que não fica nada a dever aos outros projetos em importância. Ou ferrovia para o Mercosul continuará sendo só de São Paulo para baixo? Com no máximo mais 260 km de linha construída todos os estados do Brasil poderão falar também em trens para o Mercosul. 
         Existe um motivo a mais para se sugerir esta ligação, na verdade fator determinante. Refiro-me à linha Divinópolis-Lavras (175 km), que foi construído há 36 anos em substituição ao traçado de bitola de 0,76m (não se aproveitou nada da antiga “bitolinha”). Por esta linha nunca trafegaram muitos trens. Seu perfil moderno e econômico, com rampa máxima de 1,5%, e raio de curvatura de 300m, não fica muito a dever para as melhores linhas férreas do país. Seu traçado é próprio também para a bitola de 1,60m. passa pelos municípios de Carmo da mata, Oliveira, Bom Sucesso e são mínimas as passagens de nível, pois há viadutos sobre ou sob a maioria das estradas. 
         É desanimador que parte de ferrovia moderna para o Mercosul tenha 175 km de trilhos assentados e esteja praticamente sem uso. Que se construa o que falta no sul de Minas em conformidade com suas características. 
         O que poderia transportar esta ferrovia hoje, aguardando a demanda que um dia existirá com o crescimento do país em todos os setores? A carga ferroviária circularia para qualquer estado do país sem baldeação ou transbordos, por não haver quebra de bitola. Também seria opção para o transporte de minério de ferro e produtos siderúrgicos para são Paulo, atuando como ligação direta entre Usiminas e Cosipa. O próprio minério de ferro exportado para a Argentina utilizaria as gôndolas GDE da EFVM que ficariam ociosas, devido exportação maior por EF Carajás.  
         Quanto ao “Trem do Mercosul” que apareceu na televisão, são mínimas as chances de que esteja atualmente circulando com regularidade, por falta de captação de carga ferroviária do resto do país.




         



Sul de Minas: Estratégico para a ferrovia no Brasil ?




Sul de Minas: Estratégico para a ferrovia no Brasil ?

Em setembro de 1997enviei uma carta à Revista Ferroviária (publicação mensal da Empresa Jornalística dos Transportes, sediada no Rio de Janeiro). Na carta, de título "Uma ferrovia para o Mercosul”, alertava para o fato de que faltava uma ligação ferroviária importante ao Brasil. Indicava ainda que, para que se concretizasse tal ligação, por sinal, de curta extensão, era questão apenas de se ligar duas “pontas cegas” (sem "continuidade") de linhas já então existentes e operantes. As "pontas cegas" em questão, eram (continuam sendo):
1) a linha mineira em bitola métrica que tem seus trilhos finalizados na região Três Corações/Varginha no sul de Minas Gerais (uma ferrovia que vem de Belo Horizonte).
2) a linha paulista em bitola métrica das proximidades (ou região) de Campinas no estado de São Paulo que “margeia” a fronteira entre os dois estados envolvidos sem efetivar uma ligação interestadual de fato (apenas chega a ter um curto ramal interrompido em Poços de Caldas-MG).
O redator à ocasião me telefonou e propôs que os escritos fossem lançados não como carta, mas como artigo, na referida revista especializada. Comemorei e aceitei.
 O artigo de título "Uma ferrovia para o Mercosul", que já passa de uma década, é digamos, atual. Vale hoje. Clique aqui pra ler o texto como no original e ver capa da edição da Revista Ferroviária que o veiculou, e depois volte.
Como visto no artigo, ao procurar enfatizar  "Trem do Mercosul" (por causa daquele trem que apareceu na TV), considerei só a nossa bitola métrica (1m) e deixei de lado a nossa bitola larga (1,60m). Foi um equivoco, pois a bitola larga brasileira também se encontra presente na área de abrangência considerada no artigo. É isto mesmo. Por uma feliz coincidência, temos também "junto" às duas "pontas cegas" de bitola métrica consideradas no artigo, acredite, também duas "pontas cegas" de bitola larga; Também uma de cada lado. Ora, temos no lado mineiro, que a atual e operante linha apelidada "Ferrovia do Aço" - que é um complemento da ferrovia MRS Logística - tem seus trilhos em bitola larga bem próximos aos trilhos em bitola métrica da Ferrovia Centro Atlântica - FCA, a ferrovia que atua no sul de Minas. E temos, no lado paulista, que a região de Campinas possui já há muito, linhas férreas em bitola mista. Bingo! Na verdade, a ligação ferroviária sugerida está até "pedindo" pra ter bitola mista.
Para aqui evidenciar "oficialmente", que uma ferrovia ligando o sul de Minas Gerais ao estado de São Paulo teria suma relevância no contexto nacional, lembremo-nos do projeto original da Ferrovia do Aço, com sua inclusão  também  daquela parte que não saiu do papel - o tramo em bitola larga Minas Gerais direto a São Paulo.
Para a sugestão expressa na carta/artigo de 1997, me guiei um pouco pelo fato de ter existido este projeto da Ferrovia do  Aço - Minas Gerais direto a São Paulo. É que “tomei” o oficial trajeto projetado e modifiquei-o parcialmente para atender a bitola métrica devido ao comovente apelo televisivo "Trem do Mercosul”. Com isto foi que na proposta de meu artigo, o desemboque no lado paulista mudou, do município de Suzano - com sua bitola larga única (é o que consta no projeto antigo inconcluso da Ferrovia do Aço) - para as proximidades de Campinas, rumo à bitola métrica ali (também) existente.
Então, se temos "bitola mista" na região de Campinas, se temos no lado mineiro em foco, nossas duas bitolas operacionais se esbarrando uma na outra, se um dia uma linha férrea foi considerada de suma importância nesta área de abrangência a ponto de se criar oficialmente no país um projeto, então, VAMOS ATUALIZAR: a ferrovia proposta na carta/artigo de 1997,  deve contemplar também a bitola larga, afinal ela esta também "solta" nos dois lados em questão. E melhorando a “proposta” primordial, acrescente-se o fato: Há no Brasil não só duas “pontas cegas” de linha férrea em bitola métrica que merecem ser conectadas. Há também, duas “pontas cegas” de linha férrea em bitola larga que também merecem ser conectadas. E o mais incrível, o mais inacreditável neste fato, é que, esta dupla de “pontas cegas” de linha férrea com nossas duas bitolas usuais, estão juntas; Estão unidas pra facilitar as coisas. As duas bitolas nacionais formam juntas, “pontas cegas” nos dois lados em questão. Repetindo, em Minas, na região "focada", uma bitola esta por perto da outra, se esbarrando, e na região de Campinas, tem-se vias férreas já em "bitola mista". É tanto a obviedade (e a facilidade), que fico tentado a nem fazer referência do quão curtíssima é a distância que separa estas “pontas cegas”; mas farei. Menos de trezentos quilômetros de inédita ferrovia resolvem toda a questão. É brincadeira. Isto, num mapa nacional impresso em livro didático, equivale a menos de dois centímetros lineares. Precisamos, neste nosso “Brasil-zão”, de menos de dois centímetros de inédita ferrovia para resolver em muito as deficiências de nossa malha férrea de carga.
Então para se realizar ou concretizar a proposta:
1) Retoma-se (parcialmente modificado) o projeto "Ferrovia do Aço" tramo Minas Gerais direto a São Paulo. Ou seja, parte-se com estes trilhos em bitola larga, do mesmo antigo ponto projetado para esta bifurcação - da já operante Ferrovia do Aço (a Minas-Rio) - e prossegue-se ao Sul de Minas, levando-a ao estado de São Paulo. A necessária alteração de traçado se daria ainda em Minas, onde a certa altura, haveria a leve guinada em direção à região de Campinas, para se ligar à linha de bitola (também) larga ali existente.
2) Quanto à ferrovia de bitola métrica considerada (eixo Belo-Horizonte/Divinópolis/Lavras), a partir do município sul mineiro de Lavras tem-se duas opções: Ou prossegue-se pela linha existente que leva até Três Corações, para em algum ponto indefinido, faze-la "embocar" à plataforma de nossa hipotética "Ferrovia do Aço" de bitola larga para a região de Campinas, ou, voltando a Lavras, prossegue-se então  por um curto percurso do trecho da linha chamada "Rota do calcário" (no sentido "exportação"), para num ponto indefinido fazer o "emboque" à nossa hipotética "Ferrovia do Aço" em bitola larga para a região de Campinas. Neste último caso, o "emboque" se daria bem antes, gerando economia no "processo", e a "Rota do calcário" também prosseguiria normalmente o seu rumo. Em qualquer dos dois casos, haveria o encontro e ajuntamento de nossas duas bitolas de carga, que seguiriam então em "bitola mista" numa plataforma única, rumo à região de Campinas.
 Somatório de 1 mais 2:  Uma pequena ligação ferroviária que será útil a toda e qualquer ferrovia do país, acrescentando extensão de linha que se constituirá em futuro necessário atalho, servível às duas bitolas nacionais, pois atuará num ponto estratégico. Em suma, diminuição no chamado "Custo Brasil".
OBS: Para melhor entendimento, a projetada bifurcação da Ferrovia do Aço (de onde sairia da operante ligação atual Minas/Rio, o tramo em bitola larga Minas Gerais para São Paulo) fica apenas a sessenta quilômetros do município de Lavras, cidade ou ponto, que por sua vez é um entroncamento de quatro rotas ferroviárias em bitola métrica. Daí, o fato - caso se ligue Minas a São Paulo aproveitando, mesmo parcialmente modificado, o antigo projeto completo bitola larga "Ferrovia do Aço" - de se encontrar pela frente, duas rotas distintas de linha em bitola métrica, originárias de um mesmo ponto.
 O Brasil tem dimensões continentais. O complemento relativamente curto de linhas em bitola mista aqui proposto, em muito ajudará no mercado interno (tão mal atendido) numa região "chave" (na verdade, no "coração" ferroviário brasileiro), e certamente também servirá a tudo o que se relacione ao "fator Mercosul".
É lamentável o déficit brasileiro em extensão de ferrovias de carga. É importantíssimo a construção de linhas inéditas, ou melhoramento de traçados antiquados onde quer que seja necessário em chão brasileiro. Mas há de se convir que o pequeno complemento de linhas em bitola mista aqui proposto, por interligar ferrovias na região central do Brasil, que por sua vez se ligam às ferrovias dos extremos, nos remete àquele "dito":  "O transporte ferroviário é a espinha dorsal de toda nação organizada". No nosso caso, esta faltando uma vértebra. E esta vértebra que falta ao nosso sistema ferroviário, é a linha aqui proposta. Até quando?
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:  Favor não confundir a proposta aqui descrita com uma hipotética reativação da antiga ligação férrea entre Três Corações(MG) e Cruzeiro(SP).  Nada tem a ver esta desativada rota com a área geográfica ou de abrangência citada na proposta. Nada contra a reativação da que é até hoje, carinhosamente chamada pelos sul mineiros de "linha de Cruzeiro", mas nada tem uma coisa a ver com a outra; não confundir. A desativada "linha de Cruzeiro" levava a um encontro de bitola ferroviária incompatível e além disso é para outro rumo, outra direção; não é exatamente para o sul.  Apenas partiam os trilhos, do mesmo ponto ou região (Três Corações) que adotei como referência prática de partida dos trilhos para minha proposta de ligação em mesma bitola à região de Campinas; que é outro rumo, outra região.
Também não se pode deixar de registrar, que já existiu uma ferrovia na área de abrangência onde aqui se propõe a construção de uma. Tal estratégica ligação férrea foi construída nos chamados "áureos tempos" da ferrovia no Brasil, com o simplório nome de Estrada-de-Ferro Sapucaí. Bifurcava-se da então ligação Três Corações/Cruzeiro, na altura do município de Soledade. Entre outras cidades mineiras passava por Pouso Alegre. Ligava-se à antiga Ferrovia Paulista S.A. - FEPASA, na localidade de "Sapucaí", divisa dos dois estados e seguia para Mogi-Mirim, cidade vizinha a Campinas.  Esta ferrovia, que (no lado mineiro) foi parte da Superintendência  Regional Belo Horizonte, foi desativada no início da década de oitenta, como parte do programa de erradicação de ramais anti-econômicos da  ex-RFFSA. Não é fácil aceitar que uma rota importante dessas tenha atingido a condição de "ramal anti-econômico", mas de fato era linha de precárias condições técnicas em sua infra-estrutura.
 O artigo “Uma Ferrovia para o Mercosul” na Revista Ferroviária de outubro de 1997, é o alicerce para “Reativemos uma ferrovia dos 'áureos tempos'". Precisamos, no Brasil, urgentemente voltar a pensar a ferrovia, como se pensava no passado. Seria uma verdadeira volta aos "áureos tempos". O site "paradadotrem" agora é o veículo de divulgação da proposta de se REFAZER esta linha férrea. Contamos que apareçam mais veículos a puxar numa mesma direção.
                                                                                 
    Carlos Antonio Pinto