segunda-feira, 21 de maio de 2012

Novo Eldorado em MG


Minas tem nova 
"fronteira 

minerária"
 
 
Médio Espinhaço, na região Central do Estado, consolida-se como alvo dos grandes investidores do setor. 


RAFAEL TOMAZ. 




 Grandes empreendimentos voltados para a exploração de minério de ferro prometem transformar o Médio Espinhaço (região Central do Estado) na nova "fronteira minerária" de Minas Gerais, impulsionando a economia de pequenas cidades, como Guanhães, Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro. Para se ter uma ideia, apenas duas empresas - Anglo American (Sistema Minas-Rio) e Manabi Holding - preveem produzir cerca de 140 milhões de toneladas/ano, mais da metade do que é extraído hoje no Estado, aproximadamente 260 milhões de toneladas/ano.

As reservas existentes na área são conhecidas há alguns anos, mas sua exploração era considerada economicamente inviável, em virtude dos elevados investimentos necessários para beneficiamento e escoamento. Com o avanço tecnológico e o aumento significativo nos preços do mineral no mercado internacional, este cenário mudou e o Médio Espinhaço passou a atrair a atenção de investidores. Agora, a região começa a trilhar um caminho similar ao do Norte de Minas, que já conta com projetos bilionários em fase de implantação.

 
ANGLO AMERICAN / DIVULGAÇÃO
O projeto mais adiantado no Médio Espinhaço é o Sistema Minas-Rio, da Anglo American, que deve consumir US$ 5 bilhões
O projeto mais adiantado no Médio Espinhaço é o Sistema Minas-Rio, da Anglo American, que deve consumir US$ 5 bilhões

De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), entre 2008 e a primeira quinzena deste mês, deram entrada no órgão 124 processos para pesquisa de minério, considerando-se os municípios de Conceição do Mato Dentro (55 requerimentos), Morro do Pilar (30), Guanhães (24) e Alvorada de Minas (15). E entre as empresas que entraram com solicitação está a Vale S/A, conforme o DNPM.

O superintendente de Mineração e Metalurgia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Eduardo Carlos Jardim Mozelli, confirma que a região já é considerada uma das mais importantes fronteiras minerárias do Estado, em virtude da capacidade de atração de aportes. "O Quadrilátero Ferrífero, na parte mais próxima a Belo Horizonte, por exemplo, já está consolidado", diz.

Além disso, segundo ele, é verificada uma maior movimentação de empresas do setor de prestação de serviços, interessadas nos projetos em desenvolvimento na região. "Este segmento voltado para a indústria da mineração tem grande importância para o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas", explica Mozelli.

O projeto mais adiantado no Médio Espinhaço é o Sistema Minas-Rio, da Anglo American, que deve consumir investimentos da ordem de US$ 5 bilhões. A companhia produzirá, inicialmente, 26 milhões de toneladas/ano de minério de ferro em suas jazidas em Conceição do Mato Dentro. O start-up está previsto para 2013.

Porém, este volume poderá aumentar em 246%, já que a mineradora vem realizando pesquisas na área para confirmar as reservas necessárias para ampliar o projeto inicial. Estima-se que a capacidade do Sistema Minas-Rio possa alcançar entre 80 milhões de toneladas/ano e 90 milhões de toneladas/ano, conforme já informou o presidente da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil, Paulo Castellari. Além das jazidas, os aportes compreendem um mineroduto, entre Conceição do Mato Dentro e o Porto Açu, em São João da Barra (RJ). A empresa também é sócia do terminal no litoral fluminense.

Outro projeto em desenvolvimento é o da Manabi Holding S.A., em Morro do Pilar. Apesar de a empresa não detalhar os planos de operação, diversas fontes do mercado acreditam que a produção da companhia poderá alcançar 50 milhões de toneladas anuais.

Ao todo, a Manabi possui direitos para prospecção de minério de ferro em uma área de cerca de 9 mil hectares, nos municípios de Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro e Passabem. Além do desenvolvimento da mina, está prevista a implantação de um mineroduto e de um porto. Já a Vetor Sul Mineração está prospectando áreas em Guanhães. No entanto, ainda não existem projeções em relação ao volume que será produzido nas jazidas da empresa mineira.

Diario do Comercio   30 março 2012

Novas Minas de Ferro em MG

MANABI QUER CONSTRUIR DUAS MINAS DE FERRO EM MINAS GERAIS ATÉ 2016

A mineradora pré-operacional Manabi irá construir duas minas de ferro em Morro do Pilar e Morro Escuro, em Minas Gerais, além de um terminal portuário de 1,2 mil hectares e 6 km de costa, em Linhares, Espírito Santo. Com investimento previsto em US$ 4,1 bilhões até 2016, as minas atenderão o mercado nacional e internacional.

A estratégia financeira de sustentamento do projeto visa uma oferta inicial de ações (IPO) ao mesmo tempo no Brasil, no Estados Unidos e no Canadá. Em território nacional, a mineradora vai se listar no Novo Mercado e emitirá ADRs para investidores americanos. Na parte canadense, emitirá recibos globais de ações.

Contudo, o cenário econômico mundial é de risco. Com a crise dos países da zona do euro, os investidores se tornam cada vez mais cautelosos. Portanto a companhia, idealizada por ex-executivos da Vale e de empresas de Eike Batista, deve esperar mais alguns meses para concretizar sua oferta de ações, mesmo após já ter recorrido à Comissão de Valores Mobiliários.

Segundo os planos revelados no prospecto preliminar da Manabi, há estudos de jazidas que abrigam, juntas, 1,5 bilhão de toneladas de recursos inferidos e cerca de 2 bilhões em potencial exploratório. Com a qualidade do minério elevada, e teor de ferro de 68,5%, a empresa almeja o mercado “premium”.

A previsão é de que as minas comecem a operar até o fim de 2016, com produção estimada de 31 milhões de toneladas por ano. Somente a mina de Morro do Pilar pode produzir 25 milhões de toneladas ao ano do total, voltando-se para o mercado externo.  O produto será escoado pelo Polo Norte, um terminal portuário a ser construído em Linhares. A ligação entre a mina e o porto ainda vai sendo estudada. Entre as opções está a construção terceirizada de um mineroduto de 503 km ou a utilização da Estrada de Ferro Vitória a Minas, da Vale, com a construção de um mineroduto de 107 km. Já a mina de Morro Escuro, produzindo 6 milhões de toneladas/ano, atenderá  o mercado interno, como as siderúrgicas da região de Itabira, em Minas Gerais.

A mineradora foi criada pelo co-fundador da LLX e da MMX, Ricardo Antunes Carneiro Neto. Ano passado, a companhia levantou R$ 759 milhões em uma oferta privada de ações feita nos Estados Unidos. Com isso, houve a entrada de estrangeiros, predominantemente canadenses.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração, novas minas e projetos de expansão anunciados aumentariam a produção atual de 400 milhões para 770 milhões de toneladas. Metade desse excedente seriam ofertadas pela Vale e CSN. Sem contar com a MMX, Anglo American, Usiminas, ArcelorMittal, Bamin e Ferrous, entre outras empresas do setor.

Fonte :   http://www.petronoticias.com.br     21 maio 2012

EcoRodovias entra no setor portuário

Logistica: EcoRodovias entra no setor portuário



O grupo EcoRodovias comprou 41% de participação no Terminal para Contêineres da Margem Direita (Tecondi) do porto de Santos. O negócio fechado por R$ 540 milhões inclui a opção de compra dos 59% restantes em um ano. A estratégia, porém, é assumir o controle até o fim do ano. A compra foi feita com 30% de capital próprio e 70% por meio de emissão de dívida, disse o presidente da companhia, Marcelino Rafart de Seras, em entrevista exclusiva ao Valor.

As ações foram adquiridas do grupo Formitex, que há uma semana assumiu o controle integral do Tecondi, com a finalização da compra da parte do sócio, o grupo Barbeito. O atual presidente do Tecondi continua sendo o executivo Cesar Floriano, do Formitex. O novo vice-presidente do terminal é Luis Opice, presidente da Elog - braço de logística da EcoRodovias.

A aquisição inclui ainda a Termares (armazém alfandegado) e a Termlog (de transporte e logística) que dão apoio às operações do Tecondi, o único dos três com saída para o mar. O terminal tem três berços de atracação privativos, com extensão de 703 metros, e cinco pátios de armazenagem que totalizam retroárea de 181 mil m2.

Com a compra do complexo Tecondi - primeiro ativo portuário da EcoRodovias - a área de logística passa a responder por 35% da receita da companhia ante fatia atual de 14%. O principal negócio do grupo ainda é a concessão rodoviária nas regiões Sul e Sudeste.

Com os ecopátios Cubatão e Imigrantes e as demais unidades da Elog Sudeste - localizadas em um raio de até 200 quilômetros do porto de Santos - a EcoRodovias tende a dinamizar a atual capacidade da instalação portuária.
A estimativa é encerrar o ano com 500 mil contêineres movimentados na instalação, alta de 61% sobre o registrado em 2011, diz Seras.

"O grande problema hoje do Tecondi é a falta de retroárea, que vamos potencializar com os nossos ecopátios, principalmente o de Cubatão, que
tem 443 mil m2. Basicamente será gestão e controle." Entre os investimentos, estão a aquisição de novos equipamentos e reordenamento da área.O grande atrativo da compra, costurada há cerca de três semanas, foi a região em que o Tecondi está localizado, porque contíguo a ele existem três áreas cujos contratos estão terminando.

O plano da Codesp é licitar as três áreas (que, somadas, têm 207 mil m2) em uma única concorrência, cumprindo a premissa mundial de que terminais de contêineres são tanto mais eficientes quanto maiores forem suas dimensões. Faz sentido o Tecondi vencer a futura licitação, passando a ser um terminal de grande porte, em condições de competir com o novo padrão de terminais de Santos - a Embraport e BTP (em construção) e Santos Brasil, o maior do porto. "Esse é o objetivo e nós vamos participar dessa disputa", diz Seras.

Jornal:  Valor Economico - 21 maio 2012

Ferrovias de Minas fora de plano de investimento

Ferrovias de Minas fora de plano de investimento


Berço do sistema ferroviário de carga no Brasil, com 17% de toda a malha em atividade no país, Minas Gerais está fora dos planos do governo para expansão das linhas existentes, apesar da demanda apertada do serviço. Sem grandes projetos de novas ferrovias, as operadoras privadas do setor no estado anunciam investimentos concentrados na melhoria das vias atuais, incluindo alguns casos de duplicação de trechos, e na compra de locomotivas mais eficientes e vagões, sempre empenhadas em aumentar a produtividade para atender clientes em crescimento das indústrias da mineração, siderurgia e do agronegócio.

Os recursos previstos devem chegar a R$ 1,8 bilhão este ano, somados o desembolso recorde de R$ 1,585 bilhão da MRS Logística, concessionária da antiga malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal, que atua em Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, e parcela dos projetos da Vale, companhia controladora de duas ferrovias que cortam o estado, a Centro-Atlântica (FCA) e a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). O transporte de carga cresceu 5 milhões de toneladas no país no ano passado, alcançando 475,1 milhões de toneladas úteis (descontado o peso dos vagões) de carga transportada. O aumento de 1,2% frente a 2010, segundo o levantamento divulgado pela Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF), é aparentemente modesto para a intenção das empresas.

O desafio não se resume a oferecer mais capacidade de transporte a esses clientes sem que as próprias operadoras construam mais linhas férreas, mas, além disso, retirar as cargas que tradicionalmente circulam pelo asfalto, reconhece o presidente da MRS Logística, Eduardo Parente. “Queremos crescer mais que a economia brasileira e roubar as cargas do caminhão”, afirma. O alto custo dos grandes projetos de extensão de ferrovias, de fato, pôs o recurso público como necessidade para o país, e as operadoras argumentam que os contratos de concessões não preveem investimentos com essa finalidade.

O ponto crítico da falta de investimentos em novas ferrovias está na rentabilidade, concorda Jamil Moysés, coordenador do MBA em Logística da Fundação Getulio Vargas/IBS Business School. “De modo geral, o empresário coloca o dinheiro dele quando vê garantia de retorno”, pondera. Na avaliação do especialista, a falta de ferrovias e interligações de trechos que seriam importantes para o país não consiste um problema isolado. Faz parte do drama da infraestrutura ineficiente e insuficiente no Brasil.

“Ficamos muito tempo sem investimentos consistentes em todo tipo de infraestrutura. O país é como se fosse uma casa sem manutenção e no momento que o governo começa a liberar recursos, não é só de ferrovias que precisamos, mas de tudo, de portos e rodovias também”, afirma Jamil Moysés. O governo federal está conduzindo dois projetos de ferrovias, a Oeste-Leste, que passa pelos estados de Tocantins e da Bahia; e a extensão da Norte-Sul, ligando os estados de Goiás e São Paulo, com previsão de conclusão em 2013 e 2014, respectivamente.

Em recente entrevista ao Estado de Minas, o diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça, disse que no período de 15 anos completos das concessões da malha da extinta Rede Ferroviária Federal ao setor privado, as operadoras investiram R$ 28 bilhões, no entanto, admite que ainda foi pouco. “O setor agiu, mas é preciso fazer muito mais. O problema está na malha existente e o governo não tem dinheiro”, afirma. Nas estimativas da ANTF, o modal ferroviário já deveria ter atingido uma participação ao redor de 30% da matriz de transporte do Brasil, em lugar dos atuais 25,2%. A meta é que ela chegue a 40% em 2022.

Desde 1996, primeiro ano da concessão, de acordo com o presidente da MRS Logística, a operadora bancou mais de 200 quilômetros de duplicação de linhas, ao longo dos 1,643 mil km que assumiu, e comprou locomotivas mais modernas. “Investimos quando há retorno e temos segurança, como faz qualquer empresa privada”, diz Eduardo Parente. A empresa receberá este ano 20 locomotivas produzidas pela multinacional GE Transportation em Contagem, na Grande Belo Horizonte, e quatro máquinas fabricadas pela suíça Stadler. Em material rodante, encomendou 200 vagões, metade deles de fabricação da Usiminas Mecânica. O transporte de carga evoluiu de 46 milhões de toneladas em 1996 para 152 milhões de toneladas no ano passado.

Na disputa com caminhões

Tornar as linhas férreas mais eficientes significa, para as operadoras privadas, ganhar condições de roubar a carga dos caminhões. A chamada carga geral, acondicionada em contêineres e típica das rodovias, não chega a representar 3% da movimentação sobre os trilhos no Brasil. São alimentos industrializados, papel, tratores e componentes e peças para automóveis, produtos que o trem só começou a disputar. No transporte ferroviário tradicional, minérios e carvão continuam a dominar, com 76,6% do total transportado, seguidos de grãos como soja, açúcar e álcool, com 11,5%, e dos produtos siderúrgicos, 3,77%.

Ao todo, as empresas investiram R$ 4,6 bilhões no ano passado, e o governo federal, R$ 143 milhões. Segundo Rodrigo Vilaça, da ANTF, a cifra superou de forma expressiva a meta (de R$ 3 bilhões). A previsão para este ano é de inversões de R$ 5,3 bilhões. Representantes do setor pediram à presidente Dilma Rousseff que ele seja contemplado com as medidas adotadas para reanimar a indústria, a desoneração da folha de pagamento e a abertura de linhas especiais de financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos e matérias-primas.

A Vale informou que está duplicando o trecho da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) nas áreas rurais de São Gonçalo do Rio Abaixo, Barão de Cocais e Santa Bárbara, na Região Central de Minas, em um total de 24 quilômetros. O objetivo da companhia é aumentar a capacidade do transporte para atender a demanda futura tanto de minério de ferro, quanto de produtos de carga geral. Outro projeto tocado pela companhia, com orçamento de R$ 215 milhões, é a retificação e duplicação de mais de 8 mil quilômetros de linha da Ferrovia Centro-Atlântica em Belo Horizonte e Sabará, entre os bairros do Horto, na capital, e General Carneiro, na cidade histórica. A região é um gargalo, ponto de interligação de três ferrovias, a FCA e a EFVM e a MRS Logística.

O investimento anunciado pela MRS é o maior da história da companhia, destaca o presidente da empresa, Eduardo Parente. Cerca de dois terços do volume de R$ 1,585 bilhão previsto serão executados em Minas. Boa parte dos recursos acompanha a expansão das mineradoras no estado, clientes preferenciais das ferrovias. Prometem aumentar também as demandas de produtos siderúrgicos e grãos. A MRS tem como acionistas as siderúrgicas Companhia Siderúrgica Nacional, Gerdau e Usiminas e a Vale.

Jornal  Estado de Minas  -  20/05/2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A incrível (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas.



“No meio do caminho tinha uma pedra
 tinha uma pedra no meio do caminho...”
Carlos Drummond de Andrade. 

 pela apresentação da palestra conjunta Ferrovia Belo Horizonte Campinas - Uma saida para o Mercosul,  no auditório da UFLA Universidade Federal de Lavras, no seminário "O Brasil de volta aos trilho - A retomada dos Transporte Ferroviario" organizado pelo CFVV - Circuito Ferroviario Vale Verde e ong Trem Brasil

A incrível (quase)-Rota Ferroviária 

BH/Campinas

Precisamos de uma ferrovia ligando o sul de Minas ao estado de São Paulo.
Motivos? A princípio uma obviedade: portos secos do sul de Minas – ex: 
Varginha – merecem uma ligação ferroviária com o Porto de Santos/SP.
Porém, tais portos secos não geram demanda para exigir uma ferrovia.
 A uma ferrovia é necessário entroncamentos estratégicos envolvidos e, portanto, muito mais carga ferroviária a trafegar. É preciso, enfim, argumentos que venham a fazer surgir uma autêntica rota ferroviária – de modo que a demanda citada apenas coadjuvante seja. Vamos por partes – com perguntas.

O trecho de ferrovia que se propõe a construir – sul de Minas Gerais ao estado de São Paulo – está num contexto em que haja entroncamentos ferroviários estratégicos envolvidos? 
 Resposta:  
Sim, temos Belo Horizonte MG de um lado e Campinas-SP do outro; São os dois mais importantes entroncamentos férreos do Brasil. Estão em “evidente alinhamento” e, ironicamente, não se ligam entre si.
Neste “evidente alinhamento” BH/Campinas ao menos existe fração ou parte de alguma ferrovia pronta?
 Resposta: Sim! Temos ferrovia – operante – na maior parte deste trajeto compreendido entre BH e Campinas (em uma só bitola - métrica). Tem-se 60% de linha pronta – são 496 quilômetros de ferrovia pronta contra 350 quilômetros de ferrovia a fazer. Existe, estruturalmente, uma (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas. Por sua vez, a distância total entre BH e Campinas (aproximadamente 846 quilômetros) dá dimensão quilométrica necessária a uma rota ferroviária.
Há, nesta (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas, outras cargas ferroviárias para serem transportadas dentro dos citados entroncamentos e ou também outras para avançar além destes? 
Resposta: Sim! Vamos a elas.
Exportação do minério de ferro de Serra Azul pelo porto de Santos
MMX, Usiminas e AcelorMittal  tem em Serra Azul-MG, minério pra ser exportado, mas encontram congestionamento na bitola larga (a “única opção”) que vai aos portos do Rio de Janeiro. Ora, Serra Azul está às margens da (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas (na parte com trilhos em Itaúna-MG). A distância por bitola larga entre Serra Azul e Itaguaí-RJ é de 617 quilômetros. A distância entre Serra Azul e porto de Santos seria, por ferrovia assentada no sul de Minas, de aproximadamente 937 quilômetros (apenas 320 quilômetros a mais pela exclusividade). 
            Fator MMX e Bom Sucesso/MG
Tal cidade está contida – com trilhos operantes – na (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas. Poderia exportar por Santos! Poderia servir a COSIPA! A distância por ferrovia entre Bom Sucesso e portos do Rio de Janeiro é 423 quilômetros; A distância entre Bom Sucesso e Santos/SP seria, por ferrovia assentada no sul de Minas, de 693 quilômetros (apenas 270 quilômetros a mais pela exclusividade). Obs.) Note-se opção de fluxo Bom Sucesso-MG/Ipatinga-MG (USIMINAS) – numa só bitola; tudo dentro da parte já com trilhos.
Minério de Serra Azul (MG) para COSIPA – Cubatão/SP: 
 é transportado pela MRS-Logística. Os trens vão passear no estado do Rio de Janeiro, pois, a bitola larga mineira não se liga diretamente a paulista. Essa carga ajuda a congestionar a bitola larga Minas – Rio. No estado de São Paulo, vai trafegar pela cremalheira (em Paranapiacaba). – Vantagens de seguir pela (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas (se vier a deixar de ser quase): Menor distância entre mina e usina (400 quilômetros a MENOS, e com exclusividade); A cremalheira paulista ficaria para cargas mais nobres; Liberação de faixa na bitola larga Minas/Rio, para que, de Minas, transporte mais cargas de exportação para os portos do Rio – se minérios, também o de Serra Azul; futura soja para o porto de Sepetiba (ao final, falaremos). 
Semi acabados e acabados siderúrgicos da USIMINAS (Ipatinga-MG) para COSIPA, São Paulo e sul do país
São cargas originárias na bitola métrica que a certo ponto são baldeadas para MRS bitola larga – Vantagens de seguir pela (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas (se vier a deixar de ser quase): evidente menor distância entre os pontos e tudo numa só bitola da origem ao destino.
Containers e outras cargas já na bitola métrica em Belo Horizonte 
(e acima – ex: vindas de Camaçari-BA; e abaixo – ex: de Divinópolis-MG), se com destino ao estado de São Paulo, porto de Santos ou sul do país, dão uma volta de 1004 (mil e quatro) quilômetros em sua única opção férrea, pelo triângulo mineiro – Vantagens de seguir pela (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas (se vier a deixar de ser quase): economia de combustível, de roda de trens, de trilhos, de percurso e de tempo; Surgimento daquelas cargas ferroviárias que precisam da ferrovia em seu eixo, mas, por falta dela nem sequer a cogitam – seguem por rodovias, poluindo, matando e aumentando o Custo Brasil.
Retorno viável dos trens cargueiros que, vindos de BH e Vitória-ES, atendiam Varginha e Três Corações – trigo para o Moinho Sul-Mineiro; bobinas de aço Usiminas para Mangels
insumos para fertilizantes. Os trens acabaram porque poucos para justificar conservação na linha entre Lavras e Três Corações (com rota ferroviária estabelecida pelo sul de Minas, isso mudaria). Outro entrave: distância excessiva Vitória-ES a Varginha-MG para o trigo (que poderá, enfim, vir via porto de Santos).
Cimento
fábrica da Camargo em Ijaci/MG (próximo a Lavras – com trilhos).
Calcário: 
A COSIPA compra excedente de calcário siderúrgico da CSN em Arcos/MG. É carga ferroviária e seguiria por ferrovia.
A estas alturas cabe dizer: ligar por ferrovia o sul de Minas ao estado de São Paulo equivale a efetivar uma rota ferroviária entre BH e Campinas – é uma coisa só.
Detalhando a (quase)-Rota Ferroviária Belo Horizonte/Campinas.
De BH parte o tramo de bitola métrica que é levado ao sul de Minas Gerais. As “cidades chave” do trajeto são Itaúna, Divinópolis, Bom Sucesso, Lavras e Três Corações. Do entre entroncamentos: BH a Divinópolis, 156 quilômetros; Divinópolis a Lavras, 175 quilômetros; Lavras a Três Corações, 94 quilômetros (de Três Corações guina o ramal que leva a Varginha), onde nesta se encerra.  
No lado paulista, é de Campinas que parte a linha férrea em bitola métrica que vai passar pelos arredores do sul de Minas Gerais. Aos sessenta (60) quilômetros de percurso, alcança Mogi-Mirim/SP, outra “cidade chave” do trajeto. Nesta, atinge-se posição melhor a gerar bifurcação para efetivar ligação férrea pelo sul de Minas Gerais – para ir se ligar a Três Corações-MG.
Então, é entre os aproximados 350 quilômetros que separam Mogi-Mirim/SP de Três Corações/MG que cabe o trecho de ferrovia a ser construído para transformar a (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas em rota ferroviária de fato. 

Por que a ligação ideal é entre Três Corações e Mogi-Mirim?
Porque existiu antiga ligação férrea entre essas localidades (referencial para uma moderna nova ligação); projetou-se ferrovia moderna que percorreria parte deste percurso (a Ferrovia do Aço Minas/São Paulo); há rios “navegáveis” em parte do percurso, o que atesta um bom perfil em secções do trajeto.  Portanto, é trajeto que encontrará menos acidentes geológicos; menos terrenos montanhosos (além do “evidente alinhamento” BH/Campinas, já citado).
Observações lado mineiro:
 1)Em Divinópolis tem-se a bifurcação que gera a linha que segue ao triângulo mineiro. O subtrecho BH/Divinópolis é, portanto, fração da (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas e, ao mesmo tempo, fração do dinâmico corredor ferroviário de exportação Goiás/Minas/Espírito Santo. 
2) A linha existente entre Divinópolis e Lavras é o “alicerce” da futura Rota Ferroviária BH/Campinas – porque é linha de perfil moderno e econômico. São 175 quilômetros de trecho que possuem menos de 175 curvas (média de apenas uma curva por quilômetro); as curvas tem raio mínimo de 300 metros e a rampa máxima é de 1,5%. Tal subtrecho está ocioso. 
3) Em Lavras (pátio Eng. Behring), tem-se que a (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas cruza os trilhos da Rota do Calcário (rota esta, sem influência no propósito deste trabalho).
Observações lado paulista: 
1) a linha que parte de Campinas e passa por Mogi-Mirim é a linha tronco que segue ao triângulo mineiro.
 2) Nesta mesma linha tronco, em Aguaí/SP, há a bifurcação que gera o “ramal de Poços de Caldas (MG)”. 
3)  Projeto EF-333 - Varginha/Poços de Caldas: nada contra. Uma ligação sul de Minas ao estado de São Paulo é o que importa. Porém Três Corações/Mogi-Mirim é mais “atual”.
Observação 
“café com leite”: é no triângulo mineiro que se efetiva a única ligação férrea entre Minas e estado de São Paulo; entre BH e Campinas.  O caminho natural de trens pelo sul de Minas não é “enxergado” nem mesmo para cargas de seu eixo, não só porque lhe falta um pedaço de ferrovia, mas também porque, no “sufoco”, no improviso, pode-se enviar estas cargas a passear por Uberaba/MG – uma voltinha a toa de mil e quatro quilômetros.
Observações gerais:
Ferrovia fora de perímetros urbanos: em Três Corações surgiria, naturalmente, um contorno.
Mogi-Mirim a Três Corações: 
não temos como apontar o ponto “X” de junção dos trilhos, nem o exato trajeto. Traz ao contexto cidades como Pouso Alegre. 
Uma rota BH/Campinas não prejudica outra rota ferroviária. Deixa faixa a estas para que atendam mais cargas de seu natural eixo.
Divinópolis-MG propõe ligação férrea com Itaguaí-RJ 
 (com terceiro trilho em trecho da MRS). Ótimo! É trem para o subtrecho Divinópolis/Lavras da (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas – sem o “quase”, Divinópolis teria, também, Santos/SP.
            A (quase)-Rota Ferroviária BH/Campinas se vier a ser uma rota ferroviária de fato, 
“descongestionará” a bitola larga Minas/Rio e isso se mostrará um grande acerto, pois a MRS poderá receber outros trens, que não de minério, oriundos de Minas.

 Exemplo: 
soja para o porto de Sepetiba, no Rio (antiga aspiração). Em Minas a linha em bitola larga já está em Sete Lagoas. Desta cidade, num futuro próximo, se terá ligação férrea (já foi cogitado) direta com o triângulo mineiro (região produtora de soja)... Basta fazê-la em bitola mista e ter-se-á soja em Sepetiba por bitola larga.
Até aqui considerou-se uma ligação sul de Minas ao estado de são Paulo apenas em bitola métrica – o que já nos daria um estratégico corredor de exportação e eficiente rota de trens para o mercado interno.
 Porém, a bitola larga está próxima ao sul de Minas e é operante em Campinas. Consideraremos, a seguir, a incursão de terceiro trilho para bitola mista onde for o caso – pouco acréscimo; impacto grandioso.

Com bitola larga/mista, mudar-se-ia o “lançamento dos trilhos”.
Projetou-se ferrovia de bitola larga ligando Minas Gerais direto a São Paulo (o projeto completo original da Ferrovia do Aço). Partiria da atual Ferrovia do Aço (MRS) em Minas (de um pátio “apelidado” “Itutinga”) e se ligaria a Suzano/SP; Tal ferrovia passaria pelo sul de Minas, nas proximidades de Três Corações.
Uma “Ferrovia do Aço” Minas/São Paulo, hoje, partiria do mesmo pátio “Itutinga” em Minas, mas, no lado paulista já seria impensável se ligar a Suzano. Ora, jogaria os trens à cabeceira da cremalheira; às portas da congestionada capital paulista, e contemplaria, portanto, só a bitola larga. 
O ideal é que, no lado paulista, essa hipotética linha fosse deslocada para as proximidades de Campinas, visando fazer com que os trens “contornem” a capital paulista – e isto leva ao estratégico entroncamento Campinas (o futuro anel ferroviário norte – de São Paulo – visa algo próximo disso).
 Então a ligação deixaria de ser “Itutinga”/Suzano e passaria a ser – “Itutinga”/Campinas.
 Ora, como também a bitola métrica é operante em Campinas, evidentemente que uma Ferrovia do Aço “Itutinga”/Campinas conteria, onde fosse o caso, bitola mista: levaria, de roldão, a partir de Três Corações, também a bitola métrica em direção a Campinas. 
Então, entre Três Corações e Campinas teríamos bitola mista;
 Entre “Itutinga” e Três Corações teríamos bitola larga; Entre Lavras e Três Corações continuaríamos a ter bitola métrica (só pra “posicionar”, o pátio “Itutinga” fica a 60 quilômetros de Lavras) – note que a bitola larga “Itutinga”/Três Corações cruzaria a Rota do Calcário. O fato daria opção de linha novíssima (em mista) à FCA entre proximidades de Lavras rumo a Três Corações.. 
Bitola mista em parte de um eixo BH/Campinas criaria saudável “concorrência” entre FCA e MRS em ao menos por 20% da carga.
Observações finais. 
O centro geoeconômico do país se dá entre São Paulo e Minas Gerais. Na longa “fronteira” entre os dois estados há um só ponto, num dos extremos, com efetiva ligação férrea... Por si só, isso explica muito de nosso atraso em estradas de ferro.
VALE (FCA) e MRS, gigantes da logística, se interessariam pela ligação férrea proposta? Caso, não!, “fica um convite” à ALL, ao grupo EBX, aos americanos. 
O Brasil precisa também da Rota Ferroviária BH/Campinas (seja só em bitola métrica ou opção mista). Ela dinamizará o nosso transporte de carga por ferrovia.
  

Carlos Antonio Pinto (cidadão brasileiro ) 

Comentario do blog Ferrovia Campinas BH:
 "Não desiste nunca"