sexta-feira, 4 de abril de 2014

Região Metropolitana de Sorocaba - Assembleia discute criação


Audiência sobre a criação da RM de Sorocaba dá ênfase à regionalização


Nova RM terá 1,7 milhão de habitantes, 26 municípios, 9 milhões de km2 e um PIB de R$ 43 bilhões

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Ressaltando a importância da criação da Região Metropolitana (RM) de Sorocaba, o presidente da Assembleia, deputado Samuel Moreira, abriu nesta quinta-feira, 3/4, a segunda audiência pública realizada com o intuito de ampliar a discussão sobre o PLC 1/2014, enviado à Casa em fevereiro passado. Samuel Moreira cumprimentou as autoridades da mesa coordenadora do evento, elogiou o trabalho do deputado Hamilton Pereira (PT), que desde 2005 defende a criação daquela RM, e saudou o público presente, formado em sua maioria por prefeitos e vereadores das cidades que comporão a RM. Entre as lideranças municipais estavam presentes os ex-deputados José Caldini Crespo (Sorocaba) e Luiz Gonzaga Vieira (Tatuí).

Mudança de cultura

Como lembrou o secretário de Desenvolvimento Metropolitano em exercício, Edmur Mesquita, a criação da RM de Sorocaba vai promover uma mudança de cultura quanto ao desenvolvimento, que passa de caráter local para regional, reforçando o aspecto de integração entre os municípios. Edmur fez questão de lembrar que, desde a implantação da primeira RM (Baixada Santista), criada pelo então governado Mário Covas, a criação dessas regiões metropolitanas se tornou uma ferramenta para que uma política regional seja implantada.

Edmur Mesquita enumerou as estruturas que serão criadas para o funcionamento da nova RM (de Sorocaba) que, a exemplo das demais já existentes, terá um conselho formado por 26 prefeitos da região de Sorocaba, representantes dos secretários estaduais e representantes do Legislativo, que se reunirão para discussão de metas.

Além do conselho, também serão criados: a Agência Metropolitana de Sorocaba, que dará suporte ao conselho e ajudará a planejar o desenvolvimento da região para o médio e o longo prazo; e o Fundo de Desenvolvimento.

Mesquita disse ainda que a política do governador Alckmin é dar prioridade à criação das RMs e, em seguida, integrá-las às demais. Atualmente há quatro RMs no Estado: a da Baixada Santista, composta por 9 municípios; a de São Paulo, formada por 39 municípios; a do Vale do Paraíba e Litoral Norte, formada por 39 municípios; e a de Campinas, com 20 municípios. O secretário lembrou que a megalópole de São Paulo é a terceira maior do mundo " perdendo apenas para Nova Deli e Tóquio, cujo PIB é 32% do PIB nacional.

Como os demais participantes, Mesquita fez questão de parabenizar Hamilton Pereira pelo trabalho constante em prol da criação da RM.

Integração

Também falou no evento o vice-presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), Luiz José Pedretti, que disse que a empresa está atravessando uma "época de ouro" na elaboração de projetos. Pedretti ofereceu a experiência da Emplasa para apoiar os passos seguintes à aprovação do PLC 1/2014.

O deputado Carlos Cezar (PSB), ex-vereador de Sorocaba, parabenizou Hamilton Pereira pelo trabalho desenvolvido.

O professor Flaviano Agostinho de Lima, representando o prefeito de Sorocaba, Antonio Carlos Pannunzio, comemorou a audiência como "uma página importante para os 26 municípios que integrarão a RM de Sorocaba". Ele disse também que a criação da RM de Sorocaba vai dar mais equilíbrio ao sistema metropolitano do Estado, que, segundo ele, "encontra-se um pouco manco do lado Oeste, pois falta-lhe o espírito tropeiro". O professor disse ainda que a RM proporcionará uma integração muito mais forte de todos os municípios e da população.

Em seguida, o deputado Hamilton Pereira, que substituiu Samuel Moreira na condução dos trabalhos, abriu a palavra ao público.


Da Redação: Joel Melo - Fotos Marcia Yamamoto e Luciano Quirino 

ALESP   03/04/2014 20:35           

 

 

 

Audiência em Sorocaba debate Região Metropolitana

         


Comentário:  o blog Ferrovia Campinas BH apoia a criação

domingo, 16 de março de 2014

Campinas vira aeroporto mais conectado do país




Em Viracopos há voos para 57 destinos; Guarulhos tem 48, e Congonhas, 27 

Apesar do aumento nas frequências, clientes se queixam da eliminação de voos entre cidades do interior do país 

MARIANA BARBOSA  
DE SÃO PAULO
 
Campinas se transformou, no final do ano passado, na cidade com mais ligações aéreas do país. A partir do aeroporto de Viracopos é possível voar diretamente para 57 destinos. De Guarulhos, voa-se para 48 cidades e de Congonhas, para 27. 


A mudança é consequência direta da entrada da Azul no mercado e do movimento de concentração do setor. 


"A compra da Pantanal pela TAM reduziu as ligações regionais a partir de Congonhas e, a partir do ano passado, a concretização da fusão da Azul com a Trip fez com que as ligações de São Paulo com o interior do Estado e do país migrassem de Guarulhos para Campinas", diz Humberto Bettini, pesquisador de transporte aéreo do Núcleo de Estudos do Transporte Aéreo do ITA e autor do levantamento, feito a pedido da Folha


Das 27 ligações diretas a partir de Congonhas, apenas 9 não são capitais. Guarulhos tem hoje 21 ligações diretas com destinos regionais (não capitais) e Campinas, 31. 


A consolidação das operações de Azul e Trip, concluída no ano passado, levou a uma concentração da malha. 


De acordo com levantamento feito pelo professor do Nectar Alessandro de Oliveira, a Azul priorizou seu crescimento em 2013 em Guarulhos e reduziu frequências em outros 58 destinos. 


A oferta total de frequências de voos da empresa cresceu 1%, com a adição de 130 por semana. Em Guarulhos o crescimento foi de 69% (188 voos a mais). Campinas cresceu 9%, com mais 177. 


Por outro lado, houve eliminação de voos da Azul que se sobrepunham aos da Trip, o que afetou passageiros. 


"Perdemos o voo direto Maringá-Campo Grande", diz Mariana Beckheuser, que mora em Paranavaí (PN) e trabalha com agronegócio. "As opções de voos diretos de Londrina também caíram bastante e os preços subiram."

No ano passado, a TAM também reduziu voos que serviam Londrina e a Gol, os de Maringá. 


GUARULHOS
 

A nova malha que a Azul está construindo a partir de Guarulhos é bem diferente da operação de Campinas. 


Em Guarulhos, a empresa tem como alvo o viajante a negócios de São Paulo, que quer voos diretos para cidades de médio e grande porte e que não está disposto a pegar ônibus para ir a Campinas. 


"De modo algum abandonamos o interior e o regional", diz Marcelo Bento Ribeiro, diretor de planejamento da Azul. Segundo ele, a redução das frequências regionais da empresa foi de 17%. 


"As alterações feitas na malha foram no sentido de reduzir o pinga-pinga. O que faz diferença para o passageiro do interior é a conectividade, que permite mais opções de destinos", diz. 


Em Guarulhos, a empresa não teria condições de construir uma malha de conexões, segundo ele. Por isso, nesse aeroporto, a estratégia foi "servir mercados que podem se sustentar sem conexão." 


Com a migração de voos regionais para Viracopos, o viajante que tem como destino final São Paulo precisa agora pegar ônibus, disponibilizados pela Azul, para vir para a capital. 



Comentário do Blogs:

 Ferrovia Campinas BH e Ferrovia Intermodal:


O que o avião tem a ver com ferrovia:


Fonte : Amantes da ferrovia

Hoje no século 21, as pessoas no Brasil, viajam a pé, de ônibus, e de trem quando existem, nas viagens de média e longa distância viajam de aviões pelo ganho incomparável de tempo, principalmente as viagens comerciais e de negócio; e também é assim com as cargas de alto valor e baixo peso, como alguns produtos e insumos  eletrônicos e farmacêuticos.

Campinas é sem duvidas algumas uma das principais capitais econômicas do Brasil e da América Latina, interligando-se a um mundo economicamente globalizado, é um hub logístico, aeroviário, rodoviário, e ferroviário; e possui área para se expandir ao contrario da Grande São Paulo, que sua mancha urbana ocupou todos os espaços geográfico, precisa urgente de um Ferro Anel, ainda não concluído, seus aeroportos estão no limite da saturação, e o aeroporto de Congonhas é comparado a um porta-aviões dentro da cidade, com todos os risco de descer um avião de passageiros no meio de edifícios.

E no futuro o Trem de Alta Velocidade e os Trens Regionais de São Paulo da CPTM, irão melhorar os transporte de passageiros na região da Macro Metrópole de São Paulo interligando ao aeroporto de Viracopos em Campinas.

Cargas de todos os tipos viajam de caminhão, mas quando a movimentação é muito grande, então se faz necessário o uso de trens cargueiros especializados, principalmente os de contêineres e contêineres em duplo empilhamento, e a falta de uma nova ferrovia ligando a uma das mais importante capital econômica do Brasil, que é Belo Horizonte, e esta ferrovia que para ser economicamente eficiente, tem de ter mais de 700 quilômetros em um trajeto novo, por isso se justifica a construção até Curitiba passando por Sorocaba e Itapetininga, e o ideal é que seja com via ferroviária duplicada ( ida e volta ) e em bitola mista, larga e estreita (métrica); esta proposta é interessante por que assim o Plano de investimento de Logística do Governo Federal iniciado no Governo da Presidenta Dilma, deve ter continuidade e será mais produtivo começar o projeto fazendo um corredor ferroviário Belo Horizonte - Campinas - Curitiba e depois ir estendendo como uma antena, simultaneamente para o sul até chegar a Porto Alegre e o Porto do Rio Grande e para o Nordeste até alcançar a Bahia, Recife e Fortaleza no Ceará e interligando com as outras ferrovias, criando uma malha com novas ferrovias em bitola Larga e métrica regionais enquanto não se alarga as bitolas estreita (métrica), fato que ainda que se levará anos, utilizando-se de um modelo de sucesso, que foi usado na construção de auto estradas no setor rodoviário, com a grande vantagem que as rodovias, não tem a desvantagem das bitolas ferroviária .

Interessante imagem ferroviária
Trem transportando fuselagem de avião - Fonte: Amantes da Ferrovia

Carlos Eduardo do Nascimento

Brasil


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Hortolândia sanciona lei de transporte social




HORTOLÂNDIA - região de Campinas

O Prefeito de Hortolândia, Antonio Meira, sancionou a Lei 2892/13, que cria e autoriza o "Transporte Social", com a oferta de subsídio parcial da tarifa do transporte coletivo. A lei prevê a abertura de crédito adicional especial no valor de R$ 500 mil, proveniente do superávit da arrecadação em 2013. Com isso, nos próximos dias, a Secretaria de Planejamento Urbano lançará oficialmente o programa e anunciará o valor inicial do subsídio.

Todas as linhas de transporte coletivo urbano serão contempladas com descontos no valor da passagem, por meio do subsídio. Para o próximo ano, a Prefeitura já reservou R$ 7 milhões na LOA (Lei Orçamentária Anual) para investir no programa Transporte Social. Em quatro anos, a previsão é que a Administração Municipal utilize R$ 34 milhões, valor indicado no Plano Plurianual. "Este é um compromisso de campanha. Vamos arcar com parte da passagem e oferecer transporte coletivo mais barato para toda a população", destacou Antonio Meira.

Além do subsídio parcial da passagem, o Transporte Social prevê a otimização do serviço de transporte público em Hortolândia. Para isso, novas linhas estão sendo criadas, itinerários passam por alterações para atendimento a mais bairros, além de investimentos em sistema viário, com abertura de ruas, construção de pontes e viadutos, que vão melhorar o fluxo do trânsito e garantir mais agilidade ao transporte. 


Lei autoriza Prefeitura subsidiar parte da tarifa de ônibus urbano 

Ação da Prefeitura beneficiará 10.000 usuários de transporte coletivo por dia


"Este é um compromisso de campanha. Vamos arcar com parte da passagem e oferecer transporte coletivo mais barato para toda a população de Hortolândia”, destacou Meira. 


 A empresa que presta serviço de transporte em Hortolândia também trabalha para atender as exigências da Prefeitura, com a instalação de câmeras nos ônibus, trazendo mais segurança ao usuário, e GPS, permitindo o controle dos itinerários. 


A Secretaria de Planejamento Urbano estima que cerca de 10 mil pessoas utilizem diariamente o sistema de transporte coletivo urbano no município. Atualmente, 33 veículos realizam 16 itinerários diferentes. Outros quatro ônibus servem de reserva para casos de manutenção.

 Milton Paes   Jornal DCI

 09/12/2013 - 00h00  



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Design de CHIPS em Campinas, Itajubá e BH

Formação em tecnologia patrocinada pelo governo

 

 

Para formar os projetistas de circuitos (integrados), são três centros de treinamentos no Brasil. A iniciativa é do governo federal, por meio do CI Brasil, a fim de suprir a demanda por mão de obra especializada. O programa oferece benefício de R$ 2 mil por 12 meses. Outra vantagem é o encaminhamento para estágio remunerado. Para participar, é preciso candidatar-se ao processo seletivo. 

 

Com salários iniciais de R$ 6,5 mil e oportunidades  de trabalho em todo o mundo, o desenvolvimento de chips é uma função promissora. No Estado de São Paulo, uma das referências é a Freescale, que apenas na unidade de Campinas, em São Paulo, emprega mais de 100 projetistas. Ao todo, são mais de 20 Design Houses (DHs) vinculadas ao Programa CI Brasil.   


 Jornal  DCI    22 novembro de 2013 


Comentário: 

O governo federal está incentivando o desenvolvimento tecnológico com a criação de um excelente programa para o desenvolvimento de CHIPS - Circuito Integrado , através da criação dos chamados Design House ou escritório de design de circuitos eletrônicos integrados e laboratório em  22 duas cidades e se destaca Campinas, Itajubá no sul de Minas  e Belo Horizonte .

 


A História dos Microchips e Transistores



Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI)


Minas Gerais implanta moderna fábrica de semicondutores 

 

 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dilma Rousseff institui o Plano Nacional de Saneamento

 Conferência das Cidades

 

 

 

 

 

 

 

 

Durante a abertura da 5ª Conferência Nacional das Cidades, na noite do dia 20 de novembro a presidenta Dilma Rousseff assinou decreto que institui o Plano Nacional de Saneamento e a criação de grupo de trabalho que acompanhará a implantação do plano. O Plansab define as metas para o saneamento em todo o país e prevê investimentos em torno de R$ 508 bilhões para os próximos 20 anos.


“No Brasil, o governo federal não investia em saneamento. O que estou falando é água tratada, é esgoto sanitário com tratamento e oferta, é política de resíduos sólidos e também de drenagem”, afirmou a presidente.

Dilma ressaltou ainda que saneamento é "vida" e representa desenvolvimento humano. "Ele está escondido no solo, os canos e os dutos estão lá embaixo. É fundamental para o país, e a gente tem que ter clareza disso. É índice de desenvolvimento humano ter água e esgoto tratados. A gente não pode em nenhum momento abrir mão disso, nós não podemos abrir mão de deixar que os percentuais, principalmente nas casas, de esgotamento sanitário sejam tão baixos no Brasil”, completou.

O plano representa uma vitória para a população, além de ser o norte para a universalização do acesso aos serviços de saneamento básico. O acesso à água e esgotos tratados é um direito social do povo. O Plansab contempla os componentes de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

 O ministro das Cidades assinou uma portaria criando um grupo de trabalho para discutir a proposta de projeto de lei que cria a política que institui o Fundo Nacional de Desenvolvimento Urbano. 

O Ministério das Cidades informou que o plano servirá para a “universalização do acesso aos serviços de saneamento básico como um direito social, contemplando os componentes de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas”.

20 de Novembro de 2013 


 Comentário do Blog Ferrovia Campinas BH : ferrovia é um transporte ambientalmente sustentável, e as montanhas das serras da Mantiqueira, são geradoras e criadoras de nascentes de água,  é importante que o desenvolvimento do sul de Minas seja feito com sustentabilidade, preservando o meio ambiente, e as cidades da região participem deste excelente programa do governo federal do Plano Nacional de Saneamento, pois a região do sul de Minas, gera e fornece agua para as cidades da região de Campinas, Grande São Paulo, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e o crescimento e desenvolvimento das cidades do Sul de Minas, deve ser feito com sustentabilidade deixando este importante legado do criador para as gerações futuras ...

Vídeo: Plano Nacional de Saneamento Básico



Vídeo: Plano Nacional de Saneamento Básico é tema em debate no Cenas do Brasil







quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Serra da Mantiqueira pede socorro

   pede socorro


Depois de cruzar o Rio Paraíba, na região de Cachoeira Paulista, em 21 de março de 1822, o grande naturalista Auguste de Saint-Hilaire, em sua segunda visita à Província de São Paulo, escreveu: "Quando se atravessa o rio avista-se, ao longe, a Serra da Mantiqueira, cortada por imensas florestas, e a gente não pode cansar-se de contemplar uma paisagem que tem, ao mesmo tempo, algo de risonho e majestoso".

Atualmente, o que resta dessa paisagem está restrito a pequenos fragmentos de floresta e de campos de altitude situados nos pontos mais elevados dessa serra. O café e a incúria destruíram áreas de grande relevância ambiental, muitas delas estabilizadoras de encostas e fundamentais para a proteção das nascentes de água. A grande maioria detentora de espécies de plantas e animais de inestimável valor para a ciência e a economia.

O mais importante trabalho científico para a proteção da biodiversidade de São Paulo, o projeto Biota, desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em cooperação com o governo do Estado, indicou a necessidade de proteção de um corredor ecológico na Serra da Mantiqueira como ação prioritária para a conservação de espécies ameaçadas.

Aí estão raros remanescentes de florestas de araucária, campos de altitude e vegetação rupestre criticamente ameaçados e em acelerado processo de destruição. Aí estão também os simpáticos, importantes e ameaçados macacos muriquis. O maior das Américas, o muriqui é símbolo da conservação da natureza no Brasil. Aí vivem ainda outras espécies de primatas de relevância ambiental e se podem contabilizar decrescentes populações de felinos e outros bichos. Muitas das espécies de plantas e de fauna dos campos de altitude são endêmicas e só existem nesse local. Muitos desses campos de altitude estão sendo destruídos e transformados em pastagens com capins estrangeiros agressivos.

Corredores ecológicos são a forma mais segura de alcançar a proteção da biodiversidade, mormente em climas tropicais onde a vida, se permitirmos, desabrocha espontânea e impetuosa. Espécies de aves, insetos e outros animais praticam a transumância natural na Serra da Mantiqueira, migração periódica entre as partes baixas e altas, conforme as variações do clima dos invernos para os verões. O corte desregrado das matas dessa serra já afetou de forma irreversível esse processo na maior parte da conexão entre as partes baixas e altas em seu território.

Já temos, no Brasil e no Estado de São Paulo, alguns corredores ecológicos de importância primordial. A proteção da Serra do Mar por parques, reservas e o bem-sucedido tombamento da totalidade de seus remanescentes naturais, promovido pelo governador Franco Montoro, e uma Reserva da Biosfera reconhecida pela Unesco como projeto exemplar são cruciais para a defesa dessa que é a mata tropical mais ameaçada do mundo. Por que até hoje não temos o corredor de proteção da Serra da Mantiqueira?

É incompreensível! São os últimos fragmentos da vilipendiada Mata Atlântica que ainda não receberam a devida atenção das autoridades.

A Serra da Mantiqueira está também intimamente ligada à saga do bandeirismo. Foi a transposição da Mantiqueira pelos paulistas que revelou o ouro das Minas Gerais. O Brasil passou a existir como nação após a ampliação de sua importância econômica, que se deu como um salto depois dessa descoberta, resultado da ultrapassagem da serra. 

Ali está o túnel ( ferroviário ) da Garganta do Embaú (entre Passa Quatro - MG e Cruzeiro - SP) , onde se travou batalha histórica durante a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932.

A Serra da Mantiqueira é uma das mais belas paisagens do Brasil. Abriga o Pico da Mina, o ponto mais alto de todo o Estado de São Paulo. É um monumento geológico de significado planetário, a parte mais elevada dos remanescentes físicos da separação da África da América do Sul. Ali estão também, entre muitos outros, o Pico do Itaguaré, a Serra dos Marins, a Pedra do Baú a requerer atenção e proteção.

A Mantiqueira é um dos locais mais apropriados para o desenvolvimento do ecoturismo, em harmonia com a proteção da natureza de todo o País. Abriga populações tradicionais com costumes e cultura que remontam às origens de São Paulo. Cada dia mais raras, danças, rezas, doces, cozidos, rapaduras, folias, crenças ainda persistem em suas encostas e seus grotões. Nosso passado cultural pode ser visualizado nesses grupos, que hoje são expulsos pela especulação imobiliária e se dispersam na periferia das cidades vizinhas.

Da Mantiqueira escorrem as fontes que alimentam o "Reino das Águas Claras" de Monteiro Lobato.

 A água da Mantiqueira é fundamental para o Vale do Paraíba e para a cidade do Rio de Janeiro, e suas nascentes estão sendo destruídas e secando.

As notícias que chegam de todos os quadrantes são as mais desanimadoras. O processo de criação de um parque nacional engavetado pelo Instituto Chico Mendes, estudos de proteção estadual paralisados, enquanto a destruição prospera.

A conservação da natureza no Brasil chega ao seu ponto mais crítico, enquanto governam pessoas que se apresentaram como os representantes mais aguerridos da defesa do meio ambiente.

O clamor que tomou as ruas do Brasil no último outono teve alvos variados e o tom comum de um basta à inércia com que os esquemas decisórios tratam os assuntos que realmente interessam aos brasileiros. As pessoas em posições - chave precisam acordar para as suas responsabilidades diante da (des)governança territorial.

 O Estado de S.Paulo

20 de novembro de 2013 | 2h 10


ICARO ARONOVICH DA CUNHA

PESQUISADOR, FOI SECRETÁRIO ADJUNTO DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO